Um grupo de pesquisadores brasileiros encontrou rochas mais antigas da América do Sul no município de Piritiba, na Chapada Diamantina. Difíceis de achar e estudar, as rochas com 3,65 bilhões de anos de idade, datam do Eoarqueano, a primeira era da escala geológica a abrigar uma crosta sólida no ambiente terrestre, que abrange o período entre 4 bilhões e 3,6 bilhões de anos atrás. Quando essas rochas foram formadas, a Terra tinha pouco menos de 1 bilhão de anos e as primeiras formas de vida estavam surgindo.
“Encontrar amostras geológicas tão antigas em uma região tropical como a nossa é quase um milagre”, diz o geólogo Elson Paiva de Oliveira, do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (IG-Unicamp), coautor do estudo que conta os detalhes da descoberta, publicado em fevereiro deste ano na revista Geoscience Frontiers.
Esse não foi o primeiro achado dos pesquisadores na Chapada Diamantina. Em 2020, foi feita a descoberta de rochas com 3,64 bilhões de anos, 10 milhões de anos mais novas do que as descritas agora. Elas também foram encontradas nos arredores de Piritiba, no chamado cráton São Francisco. Essa descoberta inicial foi o ponto de partida para o estudo mais recente e reforçou a relevância científica, além do patrimônio natural e cultural da região.
Rocha está entre os municípios baianos de Juazeiro e Ruy Barbosa | FOTO: Pesquisa Fapesp | |
Trecho de ocorrência das rochas
O trecho de ocorrência dessas rochas antigas abrange um segmento de aproximadamente 400 quilômetros a leste da Chapada Diamantina, entre os municípios baianos de Juazeiro e Ruy Barbosa, uma faixa que é denominada como Complexo Mairi pelos geólogos, e o cráton São Francisco é um dos terrenos com evolução mais antiga do planeta, com exposições rochosas na superfície muito bem preservadas.
Datação
Para apontar a idade das novas amostras localizadas em Piritiba, os pesquisadores realizaram a datação de cristais do mineral zircão presentes na região.
A partir da taxa de decaimento radioativo de formas leves e pesadas do átomo de urânio encontrado no zircão, os pesquisadores determinam a idade de uma amostra geológica.
No Laboratório de Geocronologia (Lagis) do IG-Unicamp, foi usada a técnica de ablação a laser, que consiste na perfuração de grãos de zircão por um feixe desse tipo de luz.
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Fonte: Pesquisa Fapesp.
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